terça-feira, 29 de junho de 2010

A Arte e Cultura na Formação da Moral


Por: Gerson Abarca


Sigmund Freud nos conduziu a entendermos o processo de sublimação para a elaboração da estrutura egóica do indivíduo. A transitoriedade entre amor e ódio, vida e morte é um processo que necessita de elementos intermediários para que as energias psíquicas envolvidas neste processo possam ter suas válvulas de escape. É o que acontece quando praticamos um esporte coletivo, descarregamos raivas e ódios que reprimimos na convivência civilizatória, porque nos conduzimos por regras. Por isto é muito comum choques físicos entre atletas, torcidas raivosas, etc.

Estes dias, levando meus filhos ao estádio de futebol, o menor Helder ficou tentando controlar os torcedores ao seu redor para que não falassem palavrões. Ele ficava gritando que não podia, que era feio xingar. Até que tive que explicar para ele, que no estádio as pessoas xingavam para torcer, mas no fundo não queriam dizer aqueles palavrões. (Tentei moralizar).

A educação moral que melhor pode trazer resultados é aquele no qual potencializamos ações educacionais onde as crianças consigam construir a capacidade moral própria, onde consiga por ela mesma manusear seu código moral adquirido na sua história e cultura de época. Para que esta condição encontre terreno fértil, a criatividade é um grande recurso. Despertar a criatividade é um excelente recurso para levar uma criança a aprender a sair de situações difíceis e utilizar seus valores adquiridos quando necessário.

A criatividade encontra na produção cultural e nas artes a estrutura para sua mais ampla potencialização.

Assim, as cidades, as comunidades, as famílias precisam focar-se na produção de cultura, no aprendizado das artes: música, dança, teatro e artesanato. Pelas artes conseguimos transformar coisas brutas e finas.

Já tive boas experiências de trabalhar a psicologia com a produção de teatro. Junto com o teatrólogo Oscar Ferreira pude ver uma idéia se transformar em um texto e virar peça teatral, para encerrar-se em aplausos, êxtase. Uma condução artística é uma trajetória do nada para o tudo; como a trajetória de um bebê (um ser frágil) para um adulto, capaz de produzir, de amar.

Não fazemos bebês, como artistas fazem uma tela. Mas pelas artes, aprendemos a moldar. Modelamos nossos bebês, para que se tornem adultos maravilhosos.

Assim, ambientes que possuem a capacidade de conviver com a produção artística e cultural e que cultivam culturas e as preservam, tendem a potencializar pessoas com maior sensibilidade para dialogar nas diferenças, para construir com o outro e outras culturas processos civilizatórios. A arte e a cultura para o ser humano são como o mangue para o mar. Este se alimenta e respira por causa do mangue; os seres humanos tornam-se sublimes pela capacidade de sublimar (colocar em estado sublime). Se estou com ódio ou nervoso, nada melhor que uma boa música para relaxar; ou uma boa piada para descontrair.

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